quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Geração Y cria e dirige empresas de sucesso no Brasil e no exterior

Essa matéria mostra um pouco da rotina de jovens que representam a geração Y na cadeira de presidente em divesas empresas no Brasil e no mundo, inclusive no Facebook. Para assistir esta reportagem do Jornal da Globo clique aqui.
"A garotada avança pela porta principal, mas não vem para visitar nem para procurar estágio. São funcionários do primeiro time, qualificados e muito bem pagos. Logo em seguida, surge mais um jovem de camiseta, jeitão descolado. Tem cara de presidente?
Marc Zuckerberg não está nem aí para a câmera. Ser notícia, para ele, é rotina. Aos 26 anos, o fundador e presidente do Facebook é um símbolo de sucesso na geração Y, além de muito ocupado e bilionário.
Mas o que nos trouxe a Palo Alto, na Califórnia, foi uma pergunta: como é a vida nessa empresa que bota no ar uma rede social na internet com meio bilhão de usuários no mundo? Um lugar em que, aos vinte e poucos anos, você pode ser diretor e ter a impressão de que está velho demais.
"Eu me sinto velha porque eu estou trabalhando aqui há mais de cinco anos", diz Naomi Gleit, diretora de projetos do Facebook. "Entrei quando tinha 21, agora tenho 27 e sinto que já tive muitas experiências", diz.
A experiente Naomi foi uma das primeiras funcionárias do Facebook, e diz que não se lembra de quantas promoções recebeu nessa meia década. "Eu tive muitas funções diferentes aqui. Quando comecei, era uma empresa muito menor, então eu fazia de tudo, incluindo pedir comida chinesa, limpar o escritório, vendas, marketing, relações públicas", afirma.
Apenas um ano depois, ela virou gerente. Mas ainda não era o bastante. "Eu estava mais interessada em ser diretora de produto. Eu adoro trabalhar com os engenheiros, eu gosto de estar realmente envolvida em construir alguma coisa. E quando me tornei diretora, foi como conseguir o emprego dos sonhos", completa Naomi.
É uma empresa criada e comandada pela geração Y. E até por isso, a palavra “comando”, dentro do local, não faz muito sentido. Os setores são organizados em times. E será que alguém aqui está preocupado com hierarquia?

Lembram da chegada do presidente? Pois é. O engenheiro brasileiro Rodrigo Schmidt estava andando com um skate ultramoderno e achou aquela cena a mais normal do mundo.
“A gente tem livre acesso para conversar com quem quer que seja na empresa, com diferentes times, inclusive com o presidente. Todo mundo tem uma voz na hora de criar um produto, na hora de adicionar um novo recurso no site”, diz Rodrigo, engenheiro de software.
Numa empresa onde se é estimulado a ser criativo o tempo todo, ninguém bate ponto. Eles querem é trabalhar com prazer, a qualquer hora do dia ou da noite, pensando sempre em resultados. “Você adquire uma responsabilidade maior e você se sente, tem mais autonomia em cima do que está fazendo”, afirma.
O engenheiro que hoje ajuda a desenvolver as ferramentas do Facebook saiu da cidade portuária de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, foi estudar em Campinas, no interior de São Paulo, fez doutorado na Suíça, e, há dois anos, trabalha na Califórnia.
Considerando a idade, 32 anos, Rodrigo é oficialmente da geração X, aquela turma que era adolescente nos anos 80. Mas, conversando com ele, você não tem dúvida de que o DNA desse engenheiro é totalmente geração Y, da turma que hoje anda pela casa dos 20 anos. Mas o que X e Y significam pra ele? "Possivelmente, seriam nomes que eu daria para variáveis num programa", diz.

Para uma geração acostumada com coisas multitarefa, como falar no celular e trabalhar e andar na rua ao mesmo tempo, pingue-pongue durante o expediente é uma coisa normal. Dentro da empresa, eles acreditam que jogar é uma coisa que se faz ao mesmo tempo em que se trabalha.
Afinal, para a geração Y, existem mil e uma formas de ser produtivo. Cada um decora a baia do jeito que quiser. No Facebook, os funcionários têm três refeições grátis por dia. E se quiserem novos ares, podem comer debaixo da árvore ou bater uma bolinha na quadra de basquete. O funcionário mais velho que encontramos era um senhor de 43 anos, raro representante da geração X. Devidamente adaptado, interagindo com a garotada, e, mais do que tudo, aprendendo com eles.
"Uma das coisas que faz do Facebook tão especial é que, na prática, ele é dirigido por gerações mais jovens. Eles trazem com eles um senso mais integrado de redes de contatos e são mais abertos, e percebem o papel que o Facebook pode ter tanto na vida pessoal deles como na sociedade em geral", diz Robert Kieffer, engenheiro de software.

Numa empresa de comando tão jovem, o que acontece é que os mais velhos acabam agindo de forma parecida com os mais novos. E quem não fica esperto, fica pelo caminho.
Esse modelo de empresa com jeito de playground já chegou ao Brasil. Diego Torres Martins, de 27 anos, nunca teve muita paciência para subir os degraus da carreira. “Eu acabei percebendo que meu grande sonho era ser presidente de uma grande empresa. Não somente uma grande, mas que pudesse ser uma empresa diferente”, diz.
Com toda a pressa da geração Y, ele achou mais prático fundar uma empresa para ser o presidente dela. O serviço que eles oferecem está em alta: a digitalização de documentos.
E, bem ao estilo do chefe, os funcionários registram os novos clientes ao som de cornetas, e fazem reuniões "estratégicas". Eles até tentaram montar uma sala de reuniões mais séria, mas acabou entrando o videogame.
Mas se engana quem pensa que é brincadeira trabalhar aqui. “Minha meta é semanal. As metas são bem de curto prazo, o que provoca maior expectativa nas quintas e nas sextas”, diz Thamires Honda, analista de suporte.
Foi desse jeito que a empresa triplicou de faturamento no ano passado. O prêmio: foi todo mundo para a Disney. Se eles repetirem o feito, vão para Las Vegas.
Não é nada radical como andar de meias, mas, nas empresas convencionais, os chefes também estão se aproximando do jeito Y de ser. “O líder que está direto com cada profissional tem que ser uma pessoa mais participativa, uma pessoa que dá feedback, que ouve o feedback também, que reconhece quando ele erra, que propicia trabalhos desafiadores”, afirma Eliane Figueiredo, presidente do projeto RH e consultora de recursos humanos.
As mudanças também valem para os mestres que o jovem tem antes de chegar à empresa. Ser professor já não é mais como antigamente. “O que acontece hoje é que nós temos uma possibilidade de trazer para a sala de aula coisas, informações, imagens e sons que, há 30 anos, era impensável. Eu acho que mudou a forma de dar aula, mudou o aluno, mudou a estrutura da sala de aula”, explica o professor Rubens Fernandes, da FAAP.
Além de usar recursos tecnológicos nas aulas, uma faculdade de São Paulo chamou de volta alguns ex-alunos para que falem com os novos universitários de Y para Y. “Chegar a uma linguagem comum, e também trocar nossas experiências com as tecnologias”, diz o professor Ronaldo Entler.
A missão da jovem professora Nathália Palma: ajudar o aluno a organizar o conhecimento no meio de tanta tecnologia e informação. “Ele tem um conteúdo muito maior, uma grande quantidade de informações, mas essas informações não estão muito bem nas gavetinhas certas. Eles não conseguem entender que essa informação um dia pode se tornar um conteúdo”, afirma.
Mas e os alunos que ainda nem chegaram à faculdade? Será que eles pensam e agem do mesmo jeito? Na próxima reportagem, você vai ver que já existe uma nova geração batendo na nossa porta."

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